Temor reverencial por tumores de estima????o
Publicado em: 21-06-2016 | Por: bidueira | Em: DIREITO DE PROPRIEDADE, PT, REVOLU????O DE 64, SITUA????O NACIONAL
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Agencia Boa Imprensa
Temor reverencial por tumores de estima????o
P??ricles Capanema
Um doente mentalmente saud??vel tem horror de seus tumores. Quanto maior a repulsa, mais saud??vel na cabe??a.
Corta. Todos os esc??ndalos nos ??ltimos anos no Brasil tiveram estatais como piv??. Podem escrever, tamb??m o pr??ximo. O ??ltimo deles, o petrol??o, sai da Petrobr??s e da Transpetro, subsidi??ria daquela. Bastaria investigar outras estatais, por exemplo, a Eletrobr??s e ter??amos o eletrol??o; se fosse o BNDES n??o sei qual nome fantasia poderia ser o escolhido. Revelados pelo senador Ronaldo Caiado, vejam os empr??stimos feitos pelo governo Dilma via BNDES no meio da crise aguda de falta de dinheiro e me??am o disparate: R$ 14 bilh??es para Angola; R$ 11 bilh??es para Venezuela; R$ 8 bilh??es para Rep??blica Dominicana; R$ 7,8 bilh??es para Argentina; R$ 3 bilh??es para Cuba; R$ 2 bilh??es para o Peru; R$ 1,5 bilh??o para Mo??ambique; R$ 980 milh??es para Guatemala; R$ 795 milh??es para o Equador; R$ 755 para Gana; R$ 507 milh??es para Honduras e R$ 155 milh??es para Costa Rica. Imaginem o que existe a?? de favorecimentos.
A estrutura dos repetidos esc??ndalos ?? a mesma. Os fornecedores, para continuar trabalhando para a empresa contratante, a estatal, precisam contribuir por dentro (propinas registradas como doa????es legais) e por fora para os partidos que indicam os diretores. Se n??o contribu??rem (os repasses, em linguagem euf??mica; hoje conhecidos por pixulecos e acaraj??s), encontrar??o dificuldades, podem at?? deixar de ser fornecedoras. Para muitas empreiteiras seria a fal??ncia, pois seu ??nico cliente (ou o maior deles) ?? o Poder P??blico. No caso do BNDES muda apenas um ponto, o tomador do empr??stimo; perderia facilidades para o cr??dito subsidiado se recusasse encaminhar os repasses para os devidos destinat??rios. N??o custa lembrar, a principal fun????o dos diretores nomeados por indica????o pol??tica ?? fazer caixa para os partidos. E no caminho da grana, boa parte fica no bolso dos diretores, de l??deres partid??rios e de intermedi??rios.
No ponto de partida dos esc??ndalos temos sempre o gigantismo estatal. Atividades econ??micas naturalmente da al??ada de particulares s??o exercidas de forma desastrosa pelo Poder P??blico.
Seria normal protesto generalizado pela extin????o desse mal. N??o o escuto. Ou??o, pelo contr??rio, Pedro Parente, o novo presidente da Petrobr??s, em declara????o dispens??vel: ???N??o vim para cuidar de privatiza????o da Petrobras. N??o vou perder tempo com essa quest??o???. Sou chocado ainda por afirma????es, como a de Rodrigo Janot, de que ???roubaram o orgulho dos brasileiros pela sua Companhia???. N??o o meu, nem de muita gente. Tinha raz??o Roberto Campos em lhe trocar o nome de Petrobr??s para Petrossauro, para ele, anacronismo pr??-hist??rico dos tempos do estatismo delirante.
?? que o uso do cachimbo faz a boca torta. Desde 1930 a maioria dos governos entre n??s tem chamado para si a principal responsabilidade pela busca de melhores condi????es de vida para os brasileiros, em especial os de baixa renda. ?? certo, precisam mais do apoio estatal e este, na medida do razo??vel, deve existir. Mas v??o muito al??m, chafurdam com del??cias nos p??ntanos do intervencionismo e do estatismo.
L?? atr??s, um exemplo, o governo Geisel impediu a entrada da iniciativa privada no setor do petr??leo. A produ????o estagnada tornava necess??rias as compras de ??leo no Exterior. Com o andar do tempo, a d??vida externa chegou a patamares explosivos. Comentou Delfim Netto, conhece bem o assunto: ???Quem quebrou o Brasil foi o Geisel. O Geisel era o presidente da Petrobras. Quando houve a crise do petr??leo, as reservas eram praticamente iguais a um ano de exporta????o, n??o tinha d??vida. A d??vida foi feita no governo Geisel. O Geisel, na verdade, era o portador da verdade. O Geisel sempre tinha a verdade pronta???. Algo parecido aconteceu com a antipatia dos governos petistas ?? presen??a do capital privado na explora????o do pr??-sal. Jogamos fora a oportunidade, o Brasil n??o andou para frente, o governo n??o p??s na burra bilh??es de d??lares em impostos. Mais uma vez, mistura mortal de nacionalismo, esquerdismo e estatismo. O acima mencionado Roberto Campos, ir??nico, acertou que no futuro ???campanhas econ??mico-ideol??gicas, como a do “petr??leo ?? nosso”, deixar??o de ser descritas como uma marcha de patriotas esclarecidos para serem vistas como uma prociss??o de fetichistas anti-higi??nicos, capazes de transformar um l??quido fedorento num unguento sagrado. Foi uma “passeata da anti-raz??o” que criou s??rias deforma????es culturais, inclusive a propens??o funesta ??s “reservas de mercado”. ?? sempre assim, fundadas como solu????o, as estatais logo se transformam em focos de inoper??ncia, favoritismo e corrup????o.
Lembrei acima, o uso do cachimbo faz a boca torta. ?? verdade, cria o costume, da?? nasce a mentalidade, que inibe a busca da solu????o pelo esfor??o pessoal. Faz enorme falta entre n??s o gosto da autonomia. E s?? crescem as sociedades embebidas de autonomia.
Em setores amplos do Brasil, e n??o apenas na esquerda, fazem coro tamb??m nacionalistas boc??s, medra enraizado xod?? pelo estatismo e seu xif??pago, o intervencionismo. A maneira como se referem ?? Petrobr??s, elidindo a cr??tica ?? concep????o errada j?? no come??o, evidencia sil??ncio obsequioso e at?? temor reverencial. E, raras as exce????es, elas s??o focos infecciosos, deitam met??stases na sociedade e na pol??tica. Anda ainda muito insuficiente a avers??o.