Com frequ??ncia neste blog temos focalizado a exist??ncia de uma estranha religi??o imanente no ambientalismo que quer ser o mais coerente e genu??no do ponto de vista dos princ??pios b??sicos do movimento.
Tamb??m com relativa frequ??ncia tem nos sido perguntado o por qu?? dessa insist??ncia em dita religi??o incubada, ou em quest??es religiosas, quando a primeira vista a problem??tica ambientalista ?? essencialmente cient??fica.
Compreendemos perfeitamente esta dificuldade e a olhamos at?? com simpatia.
Pois, essa dificuldade foi tamb??m a nossa. E, em certo sentido continua sendo. Tivemos dificuldade em admitir a ideia de uma religi??o singular por tr??s do ambientalismo mais ???genu??no???.
Por??m, com o tempo, foi ficando evidente para n??s que o movimento ambientalista s?? se compreender bem pressupondo uma cren??a peculiar que o explica.
A aplica????o desta hip??tese, revelou-se ordenadora e, depois, indispens??vel.
Dizemos que seguimos tendo dificuldades com essa ???religi??o???, n??o s?? porque n??o a compartilhamos, mas porque ainda n??o conseguimos abarcar certos aspectos de tal maneira profundos e escuros que precisar??amos do talento de Dante descrevendo o inferno para formul??-la.
Denis Lerrer Rosenfield, professor de Filosofia na UFRGS, desde seu ponto de vista, apon-tou alguns aspectos dessa ???religi??o??? verde que n??o ousa dizer seu nome abertamente.
Por isso, julgamos de interesse para nossos leitores avaliar alguns excertos do artigo ???O mal e o capitalismo??? da lavra do professor ga??cho, publicado no ???O Estado de S. Paulo???, 02.07.12:
O mal e o capitalismo
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Denis Lerrer Rosenfield,
professor de Filosofia na UFRGS |
Para que se possa melhor compreender os atuais debates em torno das quest??es ambientais, com reflexos na vida das cidades e do campo, torna-se necess??rio compreender a mentalidade dos ambientalistas radicais.
Argumentos cient??ficos s??o cada vez mais relegados a segundo plano, embora, sob a forma do disfarce, esse tipo de ambientalista diz representar avan??os cient??ficos.
O que est??, na verdade, em quest??o ?? uma mentalidade teol??gico-pol??tica, em tudo avessa ao pensamento cr??tico.
Vejamos os pontos estruturantes dessa mentalidade: 1) o fim do mundo; 2) os profetas; 3) o mal; e 4) a salva????o.
O fim do mundo ??? Os ambientalistas radicais ou religiosos ??? o que ?? a mesma coisa ??? vivem anunciando o fim do mundo. Se n??o forem ouvidos ou atendidos, o planeta estar?? caminhando inexoravelmente para a cat??strofe final. Um dos seus cavalos de batalha reside no an??ncio do ???aquecimento global???, que estaria produzindo resultados que confirmariam suas profecias.
Curioso nesse caso ?? que exercem tal influ??ncia sobre a opini??o p??blica que nenhuma contesta????o ?? autorizada, principalmente as cient??ficas. Tornou-se ???normal??? falar do aquecimento global planet??rio como se fosse uma verdade inconteste.
Quem discorda ?? anatematizado.
Cientistas que defendem essas posi????es, tamb??m chamados ecoc??ticos, t??m, mesmo, dificuldades em publicar seus artigos. Os ecorreligiosos procuram, de todas as maneiras, fazer valer as suas posi????es.
Em entrevista a O Globo (20/6/2012), Richard Lindzen, cientista renomado do MIT, antes defensor das previs??es alarmantes do aquecimento global, contesta atualmente esse catastrofismo, tendo se tornado um ecoc??tico, ou seja, assumindo posi????es propriamente cient??ficas.
Entre outros pontos, assinala que n??o houve um aquecimento significativo nos ??ltimos 15 anos e, desde 1995, a temperatura m??dia global do planeta pouco variou. No entanto, os an??ncios prof??ticos do aquecimento global n??o cessam, embora n??o exista aquecimento que conduza ao anunciado desastre final.
Profetas ??? Nos ??ltimos 150 anos, a temperatura m??dia global variou entre 0,7 grau e 0,8 grau Celsius, o que invalidaria qualquer catastrofismo. No entanto, os profetas do fim do mundo continuam com previs??es cada vez mais sombrias.
Essas previs??es s??o incessantemente desmentidas pelos fatos, por??m sempre inventam novas, com supostos aquecimentos progressivos que tornar??o o planeta inabit??vel em poucas d??cadas. Num curto espa??o de tempo, cat??strofes naturais tomariam conta do mundo.
N??o houve nenhuma grande cat??strofe natural, mas seus an??ncios apocal??pticos continuam. A mentalidade religiosa se reveste, contudo, de uma roupagem cient??fica. Agem religiosamente e procuram lhe conferir um ar de cientificidade.
O mal ??? Note-se que essas previs??es do desastre final t??m um foco determinado, um objetivo que estrutura sua a????o pol??tica: o capitalismo. Ou seja, o fim do mundo ?? conseq????ncia do pecado, do fato de as pessoas viverem e agirem segundo os valores de uma sociedade baseada na economia de mercado, no direito de propriedade e no ganho, denominado pejorativamente de lucro.
Os ecorreligiosos se estruturam em ONGs nacionais e internacionais respaldadas militantemente pelos movimentos sociais. Observe-se que estes, por exemplo, s??o apoiados, inclusive organizativamente, pela Igreja Cat??lica e, em menor medida, pela Luterana.
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A pobreza franciscana admir??vel nos religiosos,
se imposta ?? sociedade em nome do anticapitalismo
vai produzir uma mis??ria monstruosa |
No Brasil, a CPT e o Cimi verbalizam, mesmo, essa postura prof??tica, advogando pela elimina????o da propriedade privada como o grande mal. O MST e organiza????es afins seguem a mesma posi????o.
A propriedade privada e a economia de mercado seriam respons??veis pela pobreza e pelo desastre ambiental.
Uma vez o capitalismo eliminado, o mal, extirpado, o fim do mundo n??o se consumaria e o socialismo/comunismo ocuparia o seu lugar. A cat??strofe ambiental, o apocalipse, seria evitada.
Note-se que s??mbolos do mal s??o o agroneg??cio e a produ????o de energia.
As lutas desses ambientalistas e movimentos sociais se estruturam segundo essas bandeiras. Na verdade, pretendem aumentar a pobreza com alimentos mais caros, o que poderia tornar a vida humana insustent??vel no planeta.
Querem que se produza menos, quando h?? mais bocas no mundo para ser alimentadas. Defendem uma energia mais cara, combatendo Belo Monte, que oferecer?? energia renov??vel e barata. Posicionam-se contra as planta????es de cana-de-a????car e a produ????o de etanol, outro exemplo de energia renov??vel.
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| Rio+20: mo??a ??ndigena “consumista” ter?? que mudar de estilo de vida |
Os ecorreligiosos t??m, tamb??m, a vers??o dos ambientalistas chiques, que adotam essas posi????es em nome do politicamente correto. Gostam de aparecer como corret??ssimos, em seus carros poluidores, utilizando celulares e vivendo em grandes apartamentos e mans??es.
N??o deveriam ler jornais nem livros, nem utilizar pap??is de qualquer esp??cie, pois s??o feitos de celulose, oriunda de florestas plantadas. N??o se esque??am de que o agroneg??cio ?? s??mbolo do mal.
Salva????o ??? A salva????o est??, no entanto, ?? m??o de todos os que seguirem os profetas. Basta lutar contra o capitalismo, desrespeitar a propriedade privada, organizar-se militantemente contra as hidrel??tricas, invadir grandes propriedades, pois, assim, o novo mundo estar?? ao alcance de todos.
Outro mundo ?? poss??vel, eis o lema que ?? a todo momento real??ado. Todos os habitantes do planeta se deveriam dispor ?? convers??o para a vida simples e primitiva, aquela que ganha, inclu-sive, a forma ut??pica ??? e falsa ??? da solidariedade origin??ria.
Abandonem a civiliza????o e nos sigam: n??s somos o caminho, a floresta origin??ria, o destino.
