Eles que venham??

S??O PAULO, 12 DE JULHO DE 2017 ??S 20:02 ?? ?? ?? Di??rio do Com??rcio

POR S??RGIO PAULO MUNIZ COSTA

?? da maior gravidade o fato de um juiz admitir que se sentiu intimidado ao longo de um processo e, pior, n??o adotar no seu decorrer as mesmas medidas que tomou em outros, de id??ntica natureza e import??ncia.

O que isso significa para o Brasil? ?? a pergunta que paira no ar, depois da condena????o do ex-presidente Lu??s In??cio Lula da Silva pelo Juiz S??rgio Moro.

Significa que vige no Pa??s um inaceit??vel estado de coisas.

?? o que se l??, com toda clareza, nas linhas do despacho do Juiz: ???intimida????o do julgador, de outros agentes da lei, procurador da Rep??blica e delegado;?? declara????es p??blicas sugerindo que se assumir o poder ir?? prender os Procuradores da Rep??blica ou delegados da Pol??cia Federal; condutas inapropriadas que revelam a tentativa (sic) de intimida????o da Justi??a, dos agentes da lei e at?? da imprensa para que n??o cumpram o seu dever???.

Data v??nia, tentativa n??o. Curvemo-nos aos fatos: consuma????o. Intimida????o exitosa, reconhe??amos, cabalmente demonstrada no resultado dessas ???condutas inapropriadas???, que colocam o Sr. Lu??s In??cio Lula da Silva ao largo da Lei, n??o importa o qu??o dourada seja a p??lula que tentam nos fazer engolir.

Muito mais grave do que a condena????o de um ex-presidente situado no epicentro do terremoto pol??tico e moral que sacode o Brasil desde 2005, ?? a incapacidade de se lhe impor a san????o correspondente ?? apura????o e julgamento dos il??citos, a t??tulo de se evitar ???trauma???.

N??o recai jamais sobre o admir??vel Juiz S??rgio Moro o fardo dessa decis??o.

Se nas linhas de seu despacho se veem as raz??es para essa ???prud??ncia???, nas entrelinhas leem-se os motivos de t??o inusitada decis??o: a solid??o de um servidor p??blico na exa????o do cumprimento de seu dever.

H?? algo muito errado neste Pa??s, quando recai sobre um juiz de primeira inst??ncia o peso de tal responsabilidade. ?? por falta de dec??ncia, de coragem e de probidade das mais altas autoridades, que chegamos a este ponto.

Assistimos, durante meses, amea??as, deboches, desrespeito, desqualifica????o, desinforma????o e manipula????o, de toda sorte, regadas a bom dinheiro, turbinadas pela ideologia de botequim e alimentadas por not??rios canalhas de muitas peles e vestes.

O desfile de iniquidades a que o Pa??s assistiu ao longo desse processo, com as mais s??rdidas demonstra????es de absoluta falta de escr??pulos se consumou nas linhas e entrelinhas do despacho de Moro.

?? com o que ficamos neste traum??tico 12 de julho de 2017: Lula condenado e n??o preso, por ???prud??ncia???.

O que deveria ser o t??o esperado epis??dio do come??o da salva????o do Pa??s restou suspenso no insuport??vel vazio moral desta Rep??blica.

Agora, Lula, vociferando sem qualquer prud??ncia ou preocupa????o com trauma, segue inc??lume para cumprir tudo que amea??ou. Seria preciso que f??ssemos uma na????o pusil??nime para aceitar tal destino.

Afinal, n??s brasileiros podemos ter muitos defeitos, mas, definitivamente, isso ?? o que n??o somos: covardes.

Como j?? se disse: eles que venham, por aqui n??o passam!

???As opini??es expressas em artigos s??o de exclusiva responsabilidade dos autores e n??o coincidem, necessariamente, com as do Di??rio do Com??rcio???